A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu em flagrante nesta quinta-feira, 14, em Jundiaí, São Paulo, um hacker investigado por ameaças terroristas, racistas, homofóbicas e extremistas contra autoridades públicas, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes. A prisão ocorre após o atentado com explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira, 13, que resultou na morte do responsável, Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França. Os investigadores agora analisam possíveis conexões entre o hacker e o autor do atentado.

O preso, um empresário de 36 anos atuante no setor de mídia digital, teve equipamentos eletrônicos confiscados em sua residência, incluindo um computador, notebook, tablets, celulares e pen-drives, em busca de provas de sua participação em diversos atos criminosos. Após perícia nos dispositivos, ele foi autuado em flagrante.

O hacker é alvo de investigações em vários estados, sob jurisdição tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Federal. Segundo a delegada Vanessa Pitrez, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, embora não haja provas diretas de ligação entre ele e Francisco Wanderley Luiz, ambos integravam grupos de ideologia extremista. “Vamos agora analisar todo o material eletrônico apreendido para verificar se havia algum tipo de relação entre eles”, afirmou a delegada.

Entre os alvos das ameaças do hacker estão figuras públicas como o senador Magno Malta, os deputados Guilherme Boulos, Daiane dos Santos, Silvia Cristina Chagas e Talíria Petrone, além das vereadoras Beatriz Caminha dos Santos, de Belém, e Cida Falabella, de Belo Horizonte. O hacker também teria enviado e-mails anônimos com ameaças de bomba ao STF, Senado e Aeroporto de Guarulhos, casos sob investigação da Polícia Federal.

A operação que resultou na prisão, chamada “Deus Vult” (ou “Deus o quer”, em latim), contou com o apoio operacional da Polícia Civil de São Paulo e realizou buscas em dois endereços em Jundiaí. A investigação foi desencadeada após a deputada estadual Bruna Rodrigues (PC do B) denunciar ameaças de agressão sexual e morte recebidas por e-mail, com ofensas de caráter racista e extremista dirigidas a ela e sua filha. As mensagens foram enviadas por um provedor na Suíça, sem acordo de cooperação com as autoridades brasileiras.

O hacker utilizava dados de terceiros para criar contas anônimas na deep web, e em alguns casos, as vítimas do roubo de identidade sofreram graves consequências, incluindo tentativas de suicídio. A polícia chegou à identidade do hacker ao investigar os moradores de um condomínio em Jundiaí, onde o suspeito residia e havia usado os dados de vizinhos para criar as contas anônimas. Os investigadores rastrearam “características digitais”, como históricos vazados na dark web, para identificar o responsável.

Foto: Polícia Civil do RS


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