Marco Aurélio Carone

Especialistas discutem a importância da cultura estratégica para países em meio à transição geopolítica, destacando potências como Rússia, EUA e China como exemplos. No atual cenário internacional, onde grandes decisões devem ser tomadas rapidamente, a cultura estratégica desempenha um papel crucial na formulação de respostas a eventos significativos.

O pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisa em Economia Mundial e Relações E. M. Primakov, Aleksei Krivopalov, enfatiza a relevância da cultura estratégica, predominantemente transmitida por instituições consolidadas, para nações enfrentando desafios geopolíticos. Ele destaca as características da cultura estratégica dos EUA, como a sensação de ausência de vulnerabilidades e a rápida reação a eventos que ameaçam sua posição global.

Em meio à transição geopolítica rumo a um mundo multipolar, especialistas sugerem que países como Brasil e África do Sul têm a oportunidade de consolidar uma cultura estratégica sólida. O período turbulento pode oferecer espaço para fortalecer as instituições e forjar uma tradição estratégica.

Krivopalov ressalta que o desenvolvimento da cultura estratégica ao longo da história é um ativo que um país pode ganhar ou perder, dependendo da manutenção de suas instituições. Ele destaca exemplos como o Irã, que desenvolveu uma cultura estratégica, e o Japão, que a perdeu ao longo do tempo.

O pesquisador Dmitry Stefanovich, do Instituto Nacional de Pesquisa em Economia Mundial e Relações E. M. Primakov, destaca o potencial de cooperação entre países do Sul Global e potências militares tradicionais, como a Rússia, que possui uma rica cultura estratégica e experiência em lidar com questões globais.

O debate sobre “Cultura Estratégica: destino, guia ou álibi?” realizado em Moscou destaca a importância crescente da cultura estratégica na formulação de políticas externas, com ênfase na ampliação da presença russa no Sul Global, incluindo o Brasil, como uma prioridade estratégica.