Uma série de explosões quase simultâneas envolvendo pagers, pequenos dispositivos eletrônicos usados para receber mensagens, resultou na morte de 11 pessoas e deixou mais de 4 mil feridos no Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde do país. Entre as vítimas, estão uma menina de oito anos e centenas de membros do grupo Hezbollah. Tanto o governo libanês quanto o Hezbollah acusam Israel de estar por trás do ataque. Até o momento, Israel não se pronunciou oficialmente, mas fontes do governo israelense afirmaram que a ordem para o ataque veio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Durante uma coletiva de imprensa, o ministro da Saúde do Líbano, Firas Abiad, alertou sobre a superlotação das salas de emergência e fez um apelo para que a população doe sangue, já que cerca de 400 pessoas se encontram em estado grave. O Hezbollah afirmou em comunicados que os pagers explodiram por volta das 15h30, horário local (9h30 em Brasília), e responsabilizou Israel pela ação.
O grupo declarou: “Após analisar todos os fatos, informações e dados disponíveis, responsabilizamos completamente o inimigo israelense por esta agressão criminosa”. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, saiu ileso do incidente, enquanto o embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, sofreu ferimentos leves.
As explosões ocorreram em várias áreas do sul do Líbano, incluindo o Vale do Bekaa e o subúrbio de Dahyeh, na capital Beirute. Testemunhas e médicos relataram que as vítimas sofreram cortes profundos, amputações e, em pelo menos 500 casos, perda de visão. Entre os mortos estão os filhos de dois deputados do Hezbollah e uma menina de oito anos. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos também relatou explosões na Síria, onde o Hezbollah atua, deixando 14 feridos.
O governo do Líbano condenou duramente o ataque, que foi descrito como uma grave violação da soberania do país. A Chancelaria libanesa prometeu levar o caso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e classificou a ação como uma escalada deliberada por parte de Israel. O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, descreveu o incidente como “muito preocupante“, ocorrendo em um momento de grande volatilidade na região.
Tanto o Irã quanto os governos do Iraque e Jordânia ofereceram ajuda médica ao Líbano. O Irã classificou o ataque como um “exemplo de assassinato em massa”, violando princípios humanitários e de direito internacional. Nasser Kanani, porta-voz da Chancelaria iraniana, declarou que o incidente merecia ser julgado em tribunal internacional.
Enquanto os Estados Unidos afirmam não terem tido conhecimento prévio do ataque, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, fez um apelo para que o Irã não aproveitasse o incidente para aumentar a instabilidade na região. De acordo com um membro do Hezbollah, os pagers que explodiram faziam parte de um carregamento recente recebido pelo grupo, e os dispositivos esquentaram subitamente antes das explosões.
Segundo relatos da Sky News Arabia, as explosões foram causadas pelo Mossad, o serviço de inteligência israelense, que teria inserido explosivos nos dispositivos e os detonado remotamente. Elijah Magnier, analista militar, afirmou que as detonações indicam que os pagers continham explosivos, sugerindo uma infiltração na cadeia de suprimentos do Hezbollah.
Até agora, Israel não fez um pronunciamento oficial sobre as explosões. Contudo, o site Axios relatou que a operação envolvendo os pagers foi autorizada por Netanyahu, com o objetivo de minar a confiança do Hezbollah e evitar uma guerra total, ao mesmo tempo em que intensificava o combate ao grupo.
Após as explosões, Netanyahu e outros membros da defesa de Israel foram convocados para uma reunião de emergência em Tel Aviv para discutir os próximos passos. A segurança nos portos e aeroportos foi reforçada, e há relatos de que posições militares no norte de Israel, próximo a Haifa, também foram fortificadas.