O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta terça-feira (17) que a exportação pode ser o “carro-chefe” de um novo ciclo de crescimento econômico no Brasil. As declarações foram feitas durante uma reunião no Palácio do Planalto, onde foram anunciados novos projetos da ApexBrasil.

Segundo Haddad, o setor exportador é crucial e tende a liderar esse novo ciclo. Ele apontou três razões principais para essa perspectiva. A primeira é a reforma tributária, que, de acordo com ele, eliminará a “exportação de tributos”, um problema recorrente da economia brasileira. “Ninguém consegue se livrar da cumulatividade de tributos no nosso atual sistema tributário“, destacou o ministro. Com a reforma, Haddad afirmou que os exportadores poderão competir em igualdade de condições com os concorrentes internacionais, melhorando a produtividade. O impacto previsto é um aumento de pelo menos 10% no PIB nos próximos anos, o que resultaria em um crescimento anual de 3,5%, em vez dos 2,5% projetados anteriormente.

A segunda questão levantada pelo ministro foi o crédito para exportação. Ele destacou a criação de novos instrumentos financeiros para apoiar os exportadores, ressaltando que o cardápio de opções de financiamento ainda está em fase inicial. Haddad explicou que a integração financeira com os mercados que recebem produtos brasileiros permitirá que essas exportações sejam financiadas a custos extremamente baixos. Mesmo com a esperada queda das taxas de juros nos Estados Unidos, o Brasil está diversificando suas fontes de financiamento para garantir os melhores negócios.

O terceiro ponto mencionado por Haddad foi o seguro. Ele enfatizou a reestruturação da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), que estava desestruturada após ter sido incluída na lista de privatizações do governo anterior. O ministro afirmou que a ABGF está sendo reformulada para se tornar uma importante promotora de garantias para as exportações brasileiras, com foco especial no apoio aos pequenos e médios exportadores, que ainda têm participação limitada no mercado exportador em comparação com os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Haddad destacou que o Brasil tem a oportunidade de ampliar sua base exportadora, especialmente se os pequenos exportadores tiverem as mesmas garantias concedidas aos grandes. Ele ressaltou que a reestruturação da ABGF, com uma nova equipe e a diversificação de produtos, garantirá que os exportadores brasileiros tenham suporte suficiente para colocar seus produtos no mercado internacional. “Eu penso que essa questão de tributo, crédito e seguro é um tripé muito importante que o Brasil nunca encarou definitivamente para transformar”, afirmou o ministro.

Além desses pontos, Haddad mencionou que o Brasil historicamente focou sua produção no mercado interno, mas que esse modelo de substituição de importações já está esgotado. Ele defendeu que o país deve se transformar em uma plataforma de exportação, especialmente em um contexto de novas tecnologias e da necessidade de uma transição ecológica.

O ministro sublinhou que o Brasil precisa “se repensar e olhar mais para fora”, reforçando que o tripé formado por tributo, crédito e seguro será essencial para a competitividade no mercado externo. Ao citar a aprovação do marco de garantias, Haddad observou que o mercado de venda de bens duráveis no Brasil apresentou crescimento significativo, de até 14% em alguns setores. Ele concluiu afirmando que, ao adotar uma mentalidade voltada para as exportações, o Brasil não estaria apenas atendendo a 200 milhões de consumidores internos, mas sim mirando um mercado global de 8 bilhões de pessoas, como fazem países como Coreia, Alemanha e China.


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