A inflação entre as famílias de maior renda (mais de R$ 17 mil) teve variação de 0,93%, enquanto, entre as de renda mais baixa (menor que R$1.726), a oscilação foi de 0,29%. É o que revela o indicador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira (14). Os dados são relativos a maio deste ano, em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Segundo o levantamento do instituto, os principais responsáveis pela pressão inflacionária do mês de maio foram os transportes, alimentos e bebidas, saúde e cuidados pessoais. Em relação ao subgrupo transportes, o estudo publicado pelo Ipea indica que o reajuste de 18,3% nas passagens aéreas impactou a inflação do segmento de renda mais alta, além da alta de 1% dos combustíveis.

De acordo com o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, os itens que mais contribuíram para o aumento da inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio foram os produtos que tendem a ter uma participação maior no gasto das famílias com renda mais alta.

“O campeão em termos de contribuição para o IPCA foram as passagens aéreas, seguido pela gasolina. A taxa de água e esgoto, emplacamento e licença. Os quatro itens que mais contribuíram para o IPCA de maio, foram itens consumidos por quem tem uma renda mais alta.

Contrasta com outros meses desse ano no qual a contribuição para a elevação dos itens de preços se deu por gás de botijão, determinados alimentos como, leite e a batata. Essa contribuição de que maio pesou mais para quem ganha mais, é basicamente um fator pontual”, diz.

No caso dos alimentos, a pesquisa mostra que a alta foi realizada entre os farináceos (3,2%), leite e derivados (3,4%), panificados (1,8%) e aves e ovos (1,7%). Além do reajuste de 2,5% dos medicamentos, esses aumentos, de acordo com o Ipea, tiveram um peso maior entre as famílias de menor renda, devido à sua importância na cesta de consumo desse segmento. Entretanto, a queda de 8% no preço da energia em maio, por conta da bandeira verde, aliviou a inflação para as famílias mais pobres.

A inflação do segmento de renda muito baixa, segundo a entidade, diminuiu, passando de 0,92% em maio de 2021 para 0,29% no mesmo mês de 2022. Já entre os domicílios de renda mais alta, a taxa apurada avançou de 0,50% para 0,93% no mesmo período, conforme indica o Ipea.

Inflação pesou mais para os de baixa renda no acumulado de 12 meses

Com exceção das famílias de renda alta, a variação acumulada em 12 meses, até maio, recuou para todas as demais faixas de renda. Em termos absolutos, a maior taxa se encontra na classe de renda muito baixa (12%), enquanto a menor é verificada no segmento de renda média-alta (11,2%).