A oficialização de Carlos Viana como o candidato de Bolsonaro em Minas é resultado da traição de Zema ao presidente da República. A avaliação é de Alexandre Kalil, candidato ao governo do Estado pelo PSD. Kalil destaca que a estreita ligação de Zema com Bolsonaro desde que eles estavam em campanha, em 2018, não resultou em investimentos do governo federal em Minas Gerais, mesmo com ambos eleitos. Agora, com o atual governador não garantindo palanque ao presidente, os votos bolsonaristas deverão migrar para Viana, segundo Kalil.

Agora ele (Zema) traiu o Bolsonaro, que está vindo com o Viana. Eu acho que o pessoal do Bolsonaro vai votar no Viana, até por uma questão de fidelidade”, ressaltou o ex-prefeito de Belo Horizonte em entrevista à Rádio Real, de Ouro Preto.

Kalil apontou que a falta de investimentos no Estado, apesar de Zema caminhar ao lado do presidente nos últimos anos, reflete diretamente na vida dos mineiros. “Quando você anda numa estrada abandonada, largada, a comida que chega na feira é mais cara. Quando você tem um presidente da República que não olha para Minas Gerais, que não duplica uma estrada, o remédio vai faltar na ponta, você vai começar a aula sem professor, como está acontecendo aqui. E agora Bolsonaro vem com outro candidato, pois o governador ficou ao lado dele o tempo todo e agora largou”.

Ao firmar aliança com o ex-presidente Lula, candidato do PT à presidência, Kalil quer recolocar Minas no orçamento federal. “O governo federal é fundamental, mas é em conversa com o Estado que vai botar remédio, leito, médico, hospital, centro de saúde no Estado. O presidente Lula tem um compromisso comigo de voltar a ajudar Minas Gerais”, afirmou o candidato do PSD.

Além de não investir em Minas, os constantes ataques de Bolsonaro, como questionamentos sobre as urnas eletrônicas, também afetam diretamente na vida das pessoas. “Quando um presidente fala uma estupidez no rádio e na televisão, o dólar sobe. Se o dólar subir, o pão que você compra na padaria fica mais caro, pois a farinha de que é feita o pão é importada. Cada ataque à urna eletrônica que esse presidente da República faz, tudo fica mais caro para o pobre”, disse Kalil.

O candidato ao governo de Minas pelo PSD voltou a criticar a falta de controle e fiscalização do governo do Estado com a mineração, além da falta de compromisso e a impunidade nos desastres com o rompimento de barragens em Mariana (19 mortos) e Brumadinho (270 óbitos).

A mineração é muito importante para todo o Estado. Mas o governo tem que tomar conta. A Fundação Renova é uma brincadeira de péssimo gosto que fizeram para enrolar, para enganar, que abriu processos individuais (de indenização), porque é mais fácil chantagear pobre, pegar a pessoa e massacrar, porque quando estão unidos são mais fortes”, disse Kalil.

A Fundação Renova foi criada rem 2016 para gerenciar os danos causados pelo desastre de Bento Gonçalves, distrito de Mariana, em 2015, após rompimento de barragem da Samarco Mineração, controlada pela Vale. As famílias atingidas ainda não foram indenizadas e continuam morando de aluguel, pois a promessa da construção de novo distrito não foi cumprida.

Em 2019, o rompimento de barragem também da Vale causou outra tragédia em Brumadinho. “Quando aconteceu o desastre de Mariana, se tivessem colocado os responsáveis na cadeia não teria acontecido Brumadinho. Aconteceu Brumadinho, e novamente ninguém foi para a cadeia. O que foi feito em Minas Gerais foi um verdadeiro crime que ainda vai dar pano pra manga, ainda vai dar cadeia”, criticou o ex-prefeito da capital.


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