Aliados do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) aguardam um gesto mais claro de apoio por parte do governo Lula e do Partido dos Trabalhadores (PT) à candidatura do parlamentar na disputa pela presidência da Câmara, que sucederá Arthur Lira (PP-AL). O próprio Lira manifestou essa expectativa durante um almoço com o presidente Lula, na semana passada. Segundo relatos de dois aliados de Lira, o parlamentar solicitou que o presidente declare apoio ou favoreça Motta na corrida eleitoral.
Embora a articulação que consolidou o nome de Motta como candidato tenha envolvido membros do governo e do PT, pessoas próximas ao deputado expressaram desconfiança em relação às recentes sinalizações de representantes petistas e governistas. No dia 11 de setembro, Lira, Motta e líderes de sete partidos almoçaram juntos, divulgando uma foto como demonstração de apoio à candidatura de Motta. No entanto, após o encontro, o líder do PT, Odair Cunha (MG), apagou uma nota em que afirmava que Lira apoiaria Motta e apresentaria o nome à bancada petista.
Apesar disso, Lula tem mantido a posição de que nem ele nem o PT assumirão um compromisso com qualquer candidato neste momento, e que a presidência da República não tem obrigação de intervir na eleição da Mesa Diretora da Câmara. Na mesma semana, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também se reuniu com Elmar Nascimento (União Brasil-BA), outro candidato à sucessão.
A proximidade de Hugo Motta com figuras como o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, considerados responsáveis pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), é vista como um obstáculo para obter o apoio da esquerda. Um interlocutor do centrão ressaltou que as mensagens contraditórias do PT geram apreensão entre os aliados de Motta, que esperam um gesto mais firme por parte do Executivo, embora reconheçam que não cabe ao candidato impor prazos.
Além de Motta, Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD-BA) também são candidatos. Brito e Elmar firmaram um acordo para enfrentar o nome de Motta, com o intuito de atrair apoio governista e possivelmente formar uma aliança. Nos bastidores, parlamentares especulam que Lula pode oferecer espaços no governo para acomodar os candidatos derrotados.
Aliados de Elmar discutem, inclusive, a possibilidade de uma aliança entre União Brasil e PSD, estendendo a articulação para a disputa pelo Senado, onde Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) tenta manter sua posição como favorito à presidência a partir de 2025. No entanto, a influência de Alcolumbre sobre o Ministério da Integração Regional, atualmente ocupado por Waldez Góes, ainda é incerta, uma vez que ele poderia preferir ter seu próprio indicado para a pasta.
Embora Motta seja atualmente considerado favorito, a eleição permanece indefinida. Recentemente, ele se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que solicitou a inclusão de pautas importantes para ele, como a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, caso Motta seja eleito. O deputado não se comprometeu com a aprovação do tema, mas sinalizou que poderia colocá-lo em pauta se houvesse apoio majoritário dos líderes partidários. Assim, Motta busca equilibrar os apoios ideológicos, garantindo que suas alianças permaneçam intactas em ambas as frentes políticas.