O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou 20 integrantes da torcida organizada Mancha Alviverde, do Palmeiras, por envolvimento em uma emboscada contra torcedores do Cruzeiro, que resultou na morte de José Vitor Miranda dos Santos e em ferimentos a várias pessoas. Os acusados responderão por homicídio e tentativa de homicídio.
Segundo a denúncia, os integrantes da torcida organizada colaboraram com o planejamento, a logística e os atos violentos que culminaram no ataque ocorrido no dia 27 de outubro, próximo ao pedágio da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo. A ação foi caracterizada como premeditada e envolveu a utilização de armadilhas para furar os pneus dos ônibus que transportavam os torcedores do Cruzeiro. Durante a emboscada, barras de ferro, pedaços de madeira, bolas de bilhar, pedras e fogos de artifício foram usados como armas.
O Ministério Público destacou que o ataque foi motivado por vingança, em represália a um confronto anterior com a torcida organizada Máfia Azul, do Cruzeiro, ocorrido em setembro de 2022. A denúncia também aponta que a operação contou com a adulteração das placas dos veículos utilizados pelos agressores e envolveu uma logística elaborada para transportar mais de uma centena de torcedores armados.
A Promotoria apresentou três agravantes para o caso: o concurso de pessoas, o motivo torpe e o uso de meio cruel que dificultou a defesa das vítimas. “Os denunciados, em multidão, agiram de forma premeditada, brutal e com violência desmedida, atacando de maneira cruel e impossibilitando qualquer defesa”, ressaltou o MP em um trecho da acusação.
Se a denúncia for aceita, os acusados deverão ser submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri, responsável por casos de crimes dolosos contra a vida. Além disso, o MP requer que os responsáveis sejam condenados a pagar uma indenização de R$ 10 milhões pelos danos materiais e morais causados. Parte desse valor deverá ser destinado às vítimas e à família de José Vitor, que morreu em decorrência de traumatismo craniano provocado pelas agressões.
O Ministério Público também enfatizou o impacto coletivo da violência, afirmando que o episódio “abalou a segurança e a paz pública da Comarca de Mairiporã”. O ataque, segundo o órgão, excedeu a capacidade das forças locais de segurança em prevenir o conflito, trazendo consequências graves para o município, que não tinha qualquer relação com a disputa entre as torcidas organizadas.
Foto: PRF-SP