É o sonho de todo passageiro em um aeroporto: sem filas para o check in, despacho de bagagem eficiente, banheiro limpinho, sem calor ou frio excessivos, sem a amolação de ter a sua roupa de baixo escrutinada na bagagem.

Para quem acha que isso é utopia de viagem, saiba que em Dubai já é realidade. Basta passar por uma espécie de túnel que a inteligência artificial faz isso tudo – ou quase.

Mas a ideia de trazer o conceito de “smart airport” (aeroporto inteligente) ficou mais perto dos mineiros.

O primeiro passo para tornar o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte mais eficiente tanto na “jornada do passageiro” quanto na logística, gestão de recursos, telecomunicações, energia, segurança (drogas, armas, carga), com ferramentas de robóticas e internet das coisas foi anunciado pela BH Airport, nessa terça-feira (18).

Uma área de 4 mil metros no segundo andar do aeroporto vai abrigar um Centro de Inovação, para reunir um hub de startups e empresas, que vão, juntos, buscar soluções para o desafio de tornar a operação mais ágil e eficiente.

A ideia é que a gente possa estar juntando alguns parceiros e algumas empresas com o objetivo de desenhar qual vai ser o aeroporto do futuro. A gente entende que, no momento atual, principalmente com a chegada do 5G, vão surgir novas possibilidades de tecnologias (…) que vão permitir que muitos equipamentos se conectem de uma forma segura”, afirma Kleber Meira, presidente do aeroporto.

Integração, segurança, sustentabilidade e experiência

O executivo destaca que a transformação em smart airport e a criação do Centro de Inovação têm a ambição de tornar Confins em um “campo de provas”. E é fácil entender por quê. Startups são empreendimentos que têm a inovação no DNA e como são pequenas e altamente tecnológicas, têm mais agilidade para tentar, errar, recomeçar e acertar.

E a parceria com várias empresas como a Stellantis (Fiat), Vivo, Mercado Livre, Inatel, Embraer a ideia é propor ideias, soluções, testá-las com apoio de quem pode bancar e implementar novos modelos, como aplicativos, por exemplo. “A gente vai estar, em um primeiro momento, juntando desenvolvedores com potenciais usuários, que somos nós, as empresas.”

É uma proposta ambiciosa dos acionistas da empresa (CCR e Zurich), que juntas administram 19 aeroportos no país. E o que der certo por aqui vai ser adotado nas outras unidades aeroportuárias.
“Nas horas em que elas (startups) estão lá dentro do aeroporto, na hora em que ele for fazer um teste, for fazer uma prova de conceito, está a uma escada de distância. ‘Ah, vamos fazer um aplicativo para melhorar a questão dos banheiros.’ Ele testa no aeroporto. ‘Vamos fazer um aplicativo para reconhecimento facial’. A gente pode fazer dentro do aeroporto”, explica o CEO da concessionária responsável pelo aeroporto internacional.

Queremos unir forças, pensar junto e desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis para estimular o setor. (…) Estamos atentos ao mercado, às tendências e temos o apoio de parceiros que também estão nessa caminhada inovadora”, explica o diretor Comercial e de Novos Negócios da BH Airport, Marcos Mandacaru.

Além de melhorar a experiência do passageiro, estacionamentos, gastos de água, energia, limpeza dos banheiros, climatização com ar condicionado – a inovação é muito estratégica para melhorar a performance do aeroporto e reduzir custos.

Como falar em sustentabilidade, em aeroporto verde, sem falar em inovação? A gente está falando aqui em tecnologias, de usar energia solar, para não usar energia elétrica. Hoje 100% da energia do aeroporto é renovável. Amanhã a gente pode usar amanhã, por exemplo, ajudar no SAF (sustenible aircraft fuel), que é o combustível mais inovador, amanhã vai ter o hidrogênio verde. (…) A gente começa a criar um ecossistema em prol de um futuro melhor”, ressalta Meier.

Neste ano, dos R$ 120 milhões investidos na reforma do terminal, R$ 15 milhões serão destinados ao Centro de Inovação só em infraestrutura. E os recursos serão destinados às startups de acordo com os projetos que serão desenvolvidos. O Centro também poderá ser expandido, mas entre 20 ou 30 startups já irão começar a operar no local até o segundo semestre de 2023.

Belo Horizonte foi escolhida, segundo os gestores da BH Airport, pela tradição de universidades e mão de obra altamente qualificada, além do ecossistema de startups que existem na capital, como o San Pedro VAlley, Raja Valley, etc. Segundo Mandacaru, a Google escolheu a cidade para montar seu principal centro de pesquisa e inovação da América Latina.

A gente entende que é o ambiente mais propício você juntar empresas, startups e universidades e você ter, como pano de fundo, um grande aeroporto que é uma cidade (40 mil pessoas passam pelo aeroporto diariamente). Acaba juntando tudo para fomentar essa inovação”, conclui Kleber Meira.


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