Com o aumento das operações militares de Israel no norte da Faixa de Gaza, a crise humanitária na região se intensifica. Enquanto a comunidade internacional busca pressionar Israel para aceitar acordos de cessar-fogo, a ofensiva contra supostos reagrupamentos do Hamas levou a uma escassez severa de recursos, afetando serviços essenciais e o acesso à informação.
Desde o ataque de 7 de outubro de 2023, Israel intensificou sua presença militar em Gaza. Na madrugada de terça-feira, um bombardeio atingiu um prédio residencial em Beit Lahia, matando 93 pessoas e ferindo 40. No Hospital Kamal Adwan, que recebeu parte dos feridos, o diretor Husam Abu Safia relatou que o centro de saúde só pode oferecer primeiros socorros, pois 44 dos 70 profissionais de saúde foram detidos na última sexta-feira.
A Defesa Civil de Gaza declarou, ainda, que não consegue prestar assistência nos locais atingidos devido a ameaças de Israel contra suas equipes em Jabalia, um dos alvos recentes da ofensiva. Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil, informou que a “ameaça de ataques contra as equipes humanitárias” limita a atuação do órgão.
Com a crise humanitária agravada, Gaza depende ainda mais da ajuda internacional. Contudo, as dificuldades logísticas e uma nova legislação israelense que proíbe as operações da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) complicam a distribuição de suprimentos essenciais. Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU apelou unanimemente para que Israel respeite o mandato da UNRWA, alertando para as consequências humanitárias de qualquer interrupção nas operações da agência.
A intensificação dos ataques também impacta a cobertura jornalística em Gaza, com um aumento nas dificuldades enfrentadas por repórteres devido aos bombardeios e à falta de comunicação. Segundo o Centro Palestino para os Direitos Humanos, desde o início da guerra, 170 jornalistas foram mortos e 86 instalações de mídia foram destruídas. Fiona O’Brien, da Repórteres Sem Fronteiras, afirmou que “há uma tentativa sistemática de interromper a cobertura da mídia sobre Gaza.”
Com cerca de 400 mil pessoas ainda no norte de Gaza, incluindo na Cidade de Gaza, a situação permanece crítica, e organizações internacionais alertam para a necessidade urgente de proteção e assistência humanitária na região.