Que tudo que tem início terá igualmente um fim não resta dúvida. Mas não é abordar questões metafísicas o meu propósito. Porém me parece antes do seu fim envolvo em crenças religiosas e misticismo a sensação que se descortina aos nossos olhos é a de estarmos vivendo precocemente um final de tempos.

Sem qualquer culpa dos bíblicos quatro cavaleiros do apocalipse. Aliás, em se falando nisto, a humanidade conseguiu produzir uma safra incontável de auxiliares a ameaçarem o emprego dos temidos cavaleiros finais. Se a pandemia circunscreve a humanidade aos limites de seus lares, uma rápida escapada oferece uma visão geral mais ampla.

Um motivo para dispensar a digressão sobre o mesmo, resultando em uma longa viagem de ida e retorno nos oferece um quadro desanimador. É como se cada um de nós tivesse de realizar um Caminho de Santiago às avessas, principalmente em se tratando do Estado de Minas Gerais.

O empobrecimento, o desconforto, a falta de perspectiva saltam aos olhos de quem se aventura a enfrentar estradas esburacadas, carcomidas pelas chuvas intensas e com a marca made by governo Zema. Um político que administrativamente saiu do nada com a missão de regressar ao ponto de origem sem a menor alteração de rotas e propósitos.

Sei lá a quem ele ouve. Porém os resultados indicam ser nulidades que nada entendem de povo e vida coletiva, com limitados conhecimentos calcados na ganância como se fosse possível a vida se desenvolver a troco de suaves prestações mediante a entrega de artigos baratos focados para um só bolso.

Vi com meus próprios olhos restolhos de uma região mineira outrora rica, abatida pela peste e a incúria governamental e seus dissabores adjacentes criticados pelo mundo. A Zona da Mata já foi pujante e o que vi diante de mim foram municípios esvaziados, cheios de desempregados cujas estradas de acesso são pálidas amostras do que foram no passado.

Com a curiosidade natural de um repórter ouvi críticas generalizadas, não sendo poucos os desejos de mudança dessas plagas cercadas de montanhas a cada dia que se passa mais desmilinguidas pela ação deletéria das mineradoras que nos roubam fortunas em troca de pagamentos miseráveis a atender necessidades de momento.

E o pior… Um povo descrente sem sequer imaginar nomes capazes de superar expectativas para fazer voltar Minas Gerais aos seus melhores dias. Estado hoje afundado na incúria dos últimos governos, embora ressalte aos olhos a pobreza do pensamento político capaz de gerar progresso e afastamento do marasmo em que nos encontramos.

Vivemos o anti clímax dos anos 60 e 80, onde, apesar dos dissabores, Minas viveu a expectativa de um desenvolvimento que se perdeu no tempo. Voltamos ao tempo do Estado minerador cujo resultado final o transformará de vez em árida paisagem lunar, com uma Assembleia Legislativa igualmente pobre de pensamentos e incapaz de reagir diante das circunstâncias que se apresentam.

Oh, oh, oh Minas Gerais / quem te conhece jamais… Primeiro a música é de origem italiana. Segundo, pelo que estou vendo não há mais o que conhecer. Quem não viu antes lamenta a impossibilidade de não ter visto. Só fique satisfeito com o efeito Zema, o filho da Surpresa com o Espanto.

Golpe segue gestado com características supremas

O jornalista Reinaldo Azevedo em matéria publicada no site 247 faz uma revelação estarrecedora segundo a qual o velho golpista, general Heleno, no passado recente ajudante de ordens do general Sylvio Frota, defenestrado do Poder pelo presidente Ernesto Geisel, quando o então chefe dele queria impedir o retorno à democracia no Brasil orientou Sara Winter e Allan dos Santos.

Segundo o jornalista, tal militar “teria recebido a liderança da extrema direita no Planalto” e reconhecido à PF que tinha informação sobre ações contra o STF.

Reinaldo Azevedo acrescenta à matéria que o relatório da PF sobre as milícias digitais tem um depoimento do general Augusto Heleno, que é chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, onde o mesmo confessa: “ter recebido Sara Winter e amigos trogloditas” no Palácio.

Azevedo relata que o militar – a mais nata votação de golpista : “Deu até conselho. Ouviu que algo haveria contra o STF. Não fez nada. Limitou-se a atuar como coach de fascistóide. Também recebeu Allan dos Santos”. E completa: “Demita-se!”

– Na noite desta quinta-feira (10), revelou-se que a PF afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que uma milícia digital usa a estrutura do chamado “gabinete do ódio” — grupo formado por aliados de Jair Bolsonaro e que atuaria até mesmo dentro do Palácio do Planalto.

“A informação consta em um relatório parcial enviado pela delegada Denise Ribeiro ao ministro Alexandre de Moraes”.

Eu indago por que em uma democracia um golpista deste naipe se encontra em um posto de tal importância. Claro, reconheço também que o Supremo e outros escalões do Judiciário – até atingir a base primeira do escalão de advogados e advogadas – aprontam o que não deveriam aprontar – principalmente em tempos de vacas magras.

E indago se em vez de ameaçar o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais – conforme denúncia da instituição envolvendo o procurador Jarbas Soares – órgãos corregedores não atuam no sentido de promover uma limpeza ampla, geral e irrestrita na área.

O Brasil não suporta mais o nível que o estado de coisas está atingindo e boa coisa não resultará de tantas distorções a ter as suas primeiras distorções nas escolas e Direito e ir ganhando alturas com demais rebentos e incômodos silêncio silêncios de pessoas muito bem pagas não para gestar irregularidades, onde em áreas periféricas se enquadram também os Tribunais de Contas. Refúgio privilegiado de amigos dos reis e cúmplices de falcatruas.

A menos que todas as escolas do gênero, a começar da Superior de Guerra, embora nunca isto tenha sido divulgado, embutido nas suas obrigações, tenha em seus ditames a proteção de marginais acobertados por razões que a própria razão desconhece.

Belo Horizonte

Não é apenas o ciclo pandêmico de Coronavírus que oferece riscos destrutíveis de contágio. A cidade de Belo Horizonte que já possuiu um grupo parlamentar chamado de Bancada do Arrudas desvaneceu e hoje padece de indigência nesta Capital que a cada dia que passa desce lugares na tabela de classificação frente a outras capitais.

Minas e sua Capital há muito deixaram de ser celeiros de onde provinham governadores e Estado e outros políticos de peso nacional, transformando-se em um depósito de medíocres cujo único pensamento volta-se para a construção de estádios de futebol de onde, por mais incrível que pareça, as massas populares são alijadas.

Temos o Mineirão, O Estádio Independência, o Estádio do América, sem contar, quase colado à cidade a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, hoje às traças. E em meio a tudo isto uma profusão de “tocas” e “cidades” e outros topônimos capazes de, no estágio atual das coisas, substituí-los com dignidade. E ainda fala-se muito na construção de outro estádio de grandes proporções.

Em compensação o nosso transporte viário é dos mais caros e precários; as enchentes por ocasião das chuvas nos fustigam; somos ameaçados de perto por rompimentos de barragens; padecemos de carência de hospitais e postos de saúde; a limpeza urbana é falha bem como a rede de ensino, tudo isto agravado por um vírus a atender também por Jair Bolsonaro.

Sem contar os quartéis da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais são permanentes redutos de golpistas aptos a aventuras inescrupulosas e antidemocráticas. Onde nós iremos chegar eu não sei, contudo posso pressupor não ser a bom lugar. Mas é certo, de Cidade Jardim estamos rapidamente passando para um triste repositório de lixo, inclusive humano, face aos desmandos transformados em habitantes de favelas e agora, em ruas, praças e avenidas.


1 Comentário

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    caio brandao, fevereiro 12, 2022 09:53 @ 09:53

    Olá, velho amigo. Que bom vê-lo retornando à ativa , e com a garra de sempre. Parabéns pelo fôlego e continue na luta.

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