A Prefeitura de Belo Horizonte apresentou aos sindicatos uma proposta de reajuste salarial linear de 2,49% para todos os servidores da administração municipal, com aplicação retroativa a maio de 2025. O percentual corresponde à variação da inflação acumulada entre janeiro e abril deste ano, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), sem considerar eventuais perdas inflacionárias de 2024. A proposta, parte da Campanha Salarial 2025, gerou reações divergentes entre as entidades sindicais, que agora analisam seus próximos passos.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sindi-Rede/BH) classificou o índice como insuficiente e anunciou uma paralisação geral da categoria para a próxima quinta-feira, 5 de junho. Na data, será realizada uma assembleia geral, às 14h, na Praça da Estação, para discutir os rumos da mobilização, incluindo a possibilidade de greve. “Temos pontos específicos importantes, mas nada compensa um índice tão baixo como esse”, afirmou Vanessa Portugal, diretora da entidade.

Outros sindicatos ainda avaliam os chamados “pontos específicos de cada categoria” antes de definirem uma posição oficial. O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), por exemplo, se posicionou de forma mais cautelosa. Segundo o coordenador Israel Arimar, a proposta da prefeitura inclui respostas a pautas específicas que podem representar ganhos econômicos em áreas pontuais, além do reajuste linear. “Apesar do índice estar abaixo da expectativa, vamos discutir a proposta com representantes de todas as categorias”, afirmou.

O Sindibel também agendou uma paralisação para quarta-feira, 4 de junho, com assembleia marcada para as 9h, novamente na Praça da Estação. A reunião servirá para debater a proposta e deliberar sobre os próximos encaminhamentos.

A prefeitura defendeu o percentual oferecido, destacando que a proposta garante a recomposição integral da inflação medida entre janeiro e abril deste ano, preservando o poder de compra dos salários. Em nota, a administração municipal afirmou: “Trata-se de uma proposta que recompõe 100% da inflação acumulada no início de 2025, com base no INPC. O índice de 2,49% será aplicado a servidores ativos, aposentados e pensionistas, abrangendo salários, gratificações, abonos e benefícios”.

Segundo a prefeitura, a memória de cálculo exclui qualquer revisão relacionada ao ano de 2024, pois a inflação daquele período já teria sido considerada nos reajustes anteriores, cuja última parcela foi concedida em dezembro do ano passado.

Além do reajuste salarial, a proposta inclui um aumento significativo no valor do vale-refeição dos servidores. O benefício diário passará de R$ 37,80 para R$ 60, representando um acréscimo de 58,7%. A mudança começará a valer no mês seguinte à publicação da lei que formalizar a medida.

A administração também informou que outros pontos reivindicados pelas categorias seguem em análise técnica pelas respectivas secretarias e que novas respostas poderão ser apresentadas em reuniões futuras. A expectativa é de que os sindicatos oficializem, nos próximos dias, o aceite ou a rejeição formal da proposta apresentada.

Somente após a resposta das entidades representativas dos servidores, o Executivo poderá encaminhar o projeto de lei com o reajuste à Câmara Municipal. Ainda que a votação e a sanção ocorram em momento posterior, o texto prevê que a aplicação do reajuste salarial seja retroativa a maio de 2025, conforme já estabelecido na proposta inicial.

O cenário de negociação segue aberto e deverá ter novos capítulos nesta semana, com as assembleias marcadas pelos sindicatos. A possibilidade de greve geral ainda não está descartada, a depender do desfecho das deliberações e da postura final do Executivo diante das contrapropostas que venham a surgir.

Foto: Rodrigo Clemente/PBH


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