Por Marcelo Gomes

Na tarde de terça-feira (15/02), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga a Cemig retomou os depoimentos. Na semana passada, foram ouvidas duas peças chaves para esclarecer supostas irregularidades na estatal. Nesta terça, depôs Maurício Dall’Agnese, diretor da CemigPar, área na companhia responsável por ações em outras empresas.

O depoimento foi marcado por esquecimentos e incongruências. Isso obrigou os deputados a todo momento repetir as perguntas bem como solicitar objetividade nas respostas. Houve até uma pausa nas atividades. Os parlamentares fizeram uma série de questionamentos sobre as supostas irregularidades. O destaque foram os vultosos gastos da companhia, em princípio, desnecessários.

O primeiro deles diz respeito ao aluguel de um escritório em uma região nobre de São Paulo. Os integrantes da CPI questionaram o porquê desse escritório de luxo no estado vizinho, sendo que a empresa é sediada em Belo Horizonte. O depoente não soube explicar os motivos dessa contratação.

Chamou atenção o fato de a diretoria comandada por Maurício ter contratado um coaching para o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi. Coaching é uma prática realizada por psicólogos para melhorar a performance e a imagem pública dos profissionais que atuam no mercado financeiro. Conforme a apuração de deputados, foram R$156 mil gastos.

Por fim, pela análise do deputado Professor Cleiton (PSB), R$2,3 milhões foram usados para bancar pareceristas. Esses profissionais, geralmente advogados externos às empresas, são contratados para avaliar os processos. Chama atenção que a contratação dos pareceristas ocorreu sem licitação.

“Quem escolhe o parecerista? Já ouviu falar de ‘fábrica de pareceres’? Há casos comprovados de que o dinheiro dessas contratações foram desviadas para campanhas políticas”, observou o parlamentar. Por sua vez, Maurício não soube responder essa indagação também.

A CPI da Cemig se encerra na próxima semana. Neste momento, o relatório final está sendo produzido. Durante a conclusão deste texto o depoente era Evandro Negrão.

Evandro Negrão é dirigente do Novo e sócio de uma empresa da área de energia. Ele é uma das peças chaves para elucidar suspeitas de uso político do Novo na Cemig. Na quarta-feira (9/2), Ivna Machado de Sá testemunhou. Ela gerencia na Cemig o departamento de compras, onde recaem as principais suspeitas sob investigação pela CPI.

Recentemente, os deputados averiguaram que ela é casada com um dos proprietários da TRZS Energia Participações Limitada. Outro proprietário dessa empresa é Evandro Negrão. Os parlamentares queriam descobrir qual é a relação que ambos possuem, uma vez que há um conflito de interesse. Além disso, eles buscavam esclarecer indícios da ingerência dele na direção da Cemig.

Evandro alegou não haver conflito de interesse, “porque eu não tenho contato com Ivna e nem relações com a Cemig”. Ele negou que tenha ingerência na empresa.

Em atualização.


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2 Comentários

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    SocorroBrasil, fevereiro 16, 2022 09:54 @ 09:54

    Nada como um dinheiro público para gastar com futilidades. Será que se esse dinheiro fosse da empresa deles gastariam com tanta bobagem? Acredito que não.

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    caio brandão, fevereiro 18, 2022 12:31 @ 12:31

    A Cemig tem em seus quadros funcionários de carreira competentes e que conhecem, como ninguém, os meandros da empresa, os seus caminhos e descaminhos. Buscar entre funcionários competentes e de reconhecida idoneidade, tanto profissional, quanto pessoal, alguém para ocupar posição de relevo na empresa seria muito fácil. A iniciativa de buscar gestores profissionais no mercado, pelo país afora, através de empresas de recrutamento, não é tão razoável como parece. Tanto no meio político, quanto na própria empresa existem nomes que reúnem todas as condições exigidas para os diversos cargos da Companhia. Enfim, surgiram com a novidade do recrutamento e a coisa acabou em CPI e, ainda pode piorar.

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